10.11.06

http://www.dqanonimos.blogspot.com/                                                
O código internacional de doenças, referente à dependência das drogas mais conhecidas e usadas no Brasil atualmente, são respectivamente: bebida alcoólica: F10.2 ; maconha F12.2 ; cocaína e  crack, derivado da cocaína: F14.2; tabaco : F17.2. O CID F19.2, é utilizado para diagnosticar a dependência de múltiplas drogas. Existem no Brasil e em todos os países várias outras drogas, muitas delas sintéticas. Anfetaminas, metanfetaminas, morfina, metadona, benzodiazepínicos e outros fármacos; solventes, esteróides anabolizantes , LSD, ópio e outros opióides sintéticos como o fentanil e oxicodona; ecstasy, cogumelos alucinógenos e outras. As drogas podem ser alucinógenas, depressoras ou perturbadoras do sistema nervoso central.   


A  síndrome de dependência química, atualmente é uma pandemia, que provoca ou agrava outras inumeráveis  doenças orgânicas  agudas e crônicas, e também  agrava ou provoca outros transtornos mentais ; causa ou agrava vários problemas sociais nas áreas de educação e segurança públicas, tais como: atos infracionais,  furtos, roubos, latrocínios, lesões corporais, homicídios,  feminicídios; acidentes no trânsito com vítimas fatais, traumas ortopédicos, evasão escolar; Provoca também faltas no trabalho e abandono de empregos, invalidez temporária e/ou permanente, separação de casais.
É um transtorno mental que leva o portador ao suicídio involuntário e em vários casos,  ao suicídio direto.
Desenvolvemos doze sugestões que orientam os usuários do programa na formação e manutenção de um grupo.  Além de reuniões somente entre dependentes químicos, o programa pode ser  utilizado em trabalho de psicoterapia(presença de  um profissional), onde  haja necessidade, seja em trabalhos voluntários; pelo poder público  nas unidades de saúde, presídios e hospitais psiquiátricos, ou pela iniciativa privada, em empresas ou comunidades terapêuticas. As sugestões para formação de grupos estão descritas após os doze passos para o tratamento . Nas reuniões, o programa pode ser acessado por meio de celular, tablet, notebook, ou impresso em apostilas. O conteúdo do programa está no site www.dqanonimos.blogspot.com





 DOZE PASSOS PARA A RECUPERAÇÃO



Passo Um                                                          

Somos dependentes químicos (as), não podemos voltar a usar bebidas alcoólicas e outras drogas.


Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém . Essa frase explica o significado de livre arbítrio. A obsessão mental, seguida pelo uso compulsivo de alguma ou várias drogas, aniquilava nosso livre arbítrio, e fizemos coisas, que não faríamos em sã consciência, para obter e usar determinadas drogas. A partir de agora, a partir desse momento, que sabemos que dependência química é doença, depende unicamente de cada um de nós, por em prática um dia de cada vez, com perseverança e paciência, estes doze passos para o nosso tratamento. Não existe para nós, liberdade de escolha em relação ao uso de drogas  por conta própria, sejam elas lícitas ou ilícitas. A abstinência da droga, ou drogas usadas e' o primeiro passo do nosso tratamento. Por algum motivo iniciamos o uso e por vários motivos nos tornamos dependentes químicos. O primeiro passo é radical, o principal; admitir, reconhecer que somos dependentes químicos , aceitando humildemente o fato de que é impossível usar drogas psicoativas controlando a quantidade, ou sentindo prazer com o uso, seja prazer emocional ou físico. Essa aceitação é individual e voluntária. A humildade é  uma virtude que faz parte de todo nosso programa de recuperação. Junto da humildade, também precisamos exercitar diariamente a paciência, pois dependência química é doença da alma e do corpo, mental e física e precisamos tratar a mente e o corpo. Alguns de nós, usávamos um único tipo de substância, outros de nós, vários tipos ; a obsessão mental, seguida pelo uso compulsivo na busca pelo prazer , ou pra fugir da  nossa realidade, ou pra anestesiar  as dores de nossa  alma, torna-se uma obsessão doentia. De acordo com nossa tolerância, que é individual, tínhamos que aumentar cada vez mais as doses pra sentirmos o prazer emocional e físico que a droga ou as drogas que usávamos causou na primeira vez que experimentamos. Reconhecemos que no início do uso, as drogas causavam prazer , porém não sabíamos que esse prazer era decorrente da alteração do sistema neurológico , e alteração do metabolismo das glândulas do nosso corpo e após todas as tentativas fracassadas de controlar a quantidade ou de voltar a sentir  prazer com o uso, nos rendemos, reconhecemos que estamos doentes e que precisamos de tratamento . Cada um de nós, chega a essa conclusão de modo individual . Perdemos  o controle da nossa saúde e de nossas vidas; Abandonamos os estudos ou perdemos o emprego, contraímos outras doenças agudas ou crônicas, sofremos ou provocamos acidentes graves e lesões corporais. Dependendo das substâncias que usávamos, alguns de nós fomos  presos, outros de nós passamos a traficar vários tipos de drogas, lícitas ou ilícitas e muitos de nós, nos prostituimos.  Abandonamos ou fomos abandonados pela família e amigos verdadeiros, muitos de nós fomos, morar nas ruas; a maioria de nós passou por todas as situações descritas. Alguns  de nós passamos por clínicas para desintoxicação e conscientização ou fomos internados em  hospitais psiquiátricos. Caso não tenhamos passado pelas mesmas situações que os outros, sejamos humildes  o suficiente para crer que ainda não passamos, assim poderemos deter a progressão da doença. Compreendemos agora, que a dependência química é uma doença física e mental progressiva, de terminação fatal. Antes de termos essa consciência, tratavamos e sofriamos as consequências, sem eliminar a causa, que é o uso de alguma ou várias substâncias psicoativas por conta própria. Aprendemos que a melhor maneira de parar de usar drogas é falando sobre elas, falando sobre a  vontade de usar que a obsessão mental pode mascarar, pois é normal para nós, sentirmos vontade de usar bebida alcoólica ou outras drogas e imaginar que podemos controlar o uso, e nos casos da dependência de benzodiazepínicos, achar normal a automedicação. O uso compulsivo apenas ocorrerá se nos entregarmos à obsessão mental. O tabaco normalmente é usado juntamente com a bebida alcoólica e outras drogas. Assim como os benzodiazepínicos, é uma droga menos estgmatizante  que todas as drogas ilícitas e a bebida alcoólica, no entanto, causa danos fatais 'a nossa saúde. Esse programa de doze passos requer a abstinência de todas as drogas usadas sem controle por nossa própria conta.

Ajuda-te e o céu te ajudará!




Passo Dois  
                                             

Acreditamos na nossa recuperação, não precisamos voltar a usar drogas, a não ser medicação que não cause dependência química.                                                    

A  partir desse passo, iremos um dia de cada vez, pacientemente, começar a recuperar o controle, o domínio sobre nossas vidas, sem desânimo e sem pressa. Não podemos mais voltar a usar drogas por conta própria, no entanto, podemos e devemos usar remédios, medicação prescrita por médico competente, que tecnicamente também são drogas, pois de acordo com a organização mundial da saúde, droga é toda substância química adicionada no nosso organismo que o corpo humano não produz . A prática dos doze passos é individual. Em grupo, ou em terapia individual com profissional competente, falamos livremente sobre drogas, sobre os tipos de drogas usadas e seus efeitos. Em grupo, trocamos experiências com quem iniciou o tratamento  e a própria recuperação em um clima de absoluta igualdade, exercitando diariamente a humildade e a tolerância, pois convivemos com pessoas de diferentes idades, de profissões diferentes e outros que já não trabalham mais, de diferentes níveis de escolaridade e orientação sexual diferente da nossa, solteiros, casados e separados, numa diversidade de opiniões pessoais .No tratamento individual, tanto na rede pública de saúde, quanto em clinicas particulares,  contamos com a ajuda de medicação prescrita por quem é capacitado, pois a abstinência no início leva a grande maioria de nós ao delirium tremens, com grande confusão mental, alucinações e tremores físicos intensos. Células do sistema nervoso não se regeneram, por esse motivo, é necessário o uso de medicação prescrita por  médico competente, mediante acompanhamento individual, como por exemplo medicação antidepressiva ou ansiolítica para tratar a síndrome  de abstinência. Existem muitos psicoativos que mesmo sendo drogas, não causam dependência e devemos utiliza-los com prescrição e acompanhamento individual por médico especializado. Cada droga usada por conta própria de modo obsessivo, sem controle, tem efeito destrutivo e todas alteram os níveis de cortisol, adrenalina, noradrenalina, serotonina e dopamina .Como exemplo, a cada "porre" de bebida alcoólica, são destruídas aproximadamente 100.000 células nervosas. Passando por avaliação médica com frequência, também podem ser diagnosticadas outras comorbidades,  como psicose, esquizofrenia, transtorno bipolar, síndrome de pânico e outras, que devem ser tratadas com medicação específica. Após a síndrome de abstinência aguda, que pode ir até 180 dias, devemos continuar com medicação prescrita , pois alguns transtornos consequentes da abstinência de várias drogas são crônicos, e a SAD (síndrome de abstinência demorada), deve ser tratada com medicação adequada, um dia de cada vez, pois auxilia  no reequilíbrio das funções dos neurotransmissores cerebrais. No início do tratamento, devemos também realizar exames com clínico geral, pois várias doenças físicas, agudas ou crônicas são consequência da dependência química e devem ser tratadas ao mesmo tempo, com médicos especializados. Partindo do passo um, iniciamos o tratamento da causa, e agora, continuamos a tratar os efeitos da dependência química, uns curáveis, outros crônicos. No dia a dia, vamos aprendendo ou reaprendendo a conviver com pessoas que não fazem  uso de  drogas. Tanto na rede pública de saúde, quanto em clinicas particulares, também podemos contar com a ajuda de psicólogos para terapia individual, além de médicos especializados. As pessoas  do nosso convívio durante o período de uso, continuarão usando, quem não pode  mais usar drogas por conta própria somos nós. A troca de experiência com outras pessoas em tratamento e a ajuda de profissionais competentes, fortalece nosso ânimo, nos fazendo acreditar  em nós mesmos, nos dando esperança que cada dia será melhor que o outro, pois estando hoje sóbrios, vamos encarando as dificuldades de frente. Sentir vontade de usar drogas, para nós é normal e quando a vontade  vier, partilhar essa vontade com outro dependente químico em recuperação ou com algum profissional competente que nos auxilia no tratamento, a obsessão fatal pelo uso desaparece  e vamos assim mantendo a abstinência que é o princípio  fundamental do programa de doze passos.  Após avaliação médica, cada um de nós pode e deve realizar atividades físicas de acordo com nossas aptidões e limitações. Sejam por quais motivos forem, não precisamos mais continuar nos suicidando involuntariamente. A recuperação da forma física e a  volta ao convívio social, não significam que é possível controlar o uso; esse aspecto da doença deve ser tratado com humildade e vigilância, diariamente, um dia de cada vez.
Em grupo, podemos compartilhar nossas experiências diárias, um ajudando ao outro. Falamos sobre  tudo sem  julgarmos uns aos outros, independente da droga que usávamos, seja droga lícita ou ilícita, liquida ou sólida, bebida ou fumada, cheirada, inalada ou injetada. Em grupo, identificamos nossas emoções desequilibradas, identificamos nossos sentimentos, deixamos de ter pena de nós mesmos, vamos nos aceitando como realmente somos, recuperamos nossa auto estima, a fé em nós mesmos, aprendendo que somos vítimas da nossa própria ignorância, pois ignorávamos que somos portadores de um transtorno mental reconhecido pela OMS(Organização Mundial da Saúde). Vamos fortalecendo nossa fé e esperança, de que  o futuro será sempre melhor, vivendo um dia de cada vez, um momento por vez, aceitando as dificuldades como provas que somos capazes de superar . Podemos voltar, continuar, ou iniciar a participação em templos religiosos.             




Passo Três

Fazemos diariamente uma auto análise, criando o hábito de vigiar nossas ações.

Estamos sóbrios, iniciando a recuperação do domínio sobre nossas próprias emoções e nossas próprias vidas. Devemos exercitar o hábito de agir com a maior calma possível no dia a dia,  sem exigir dos outros e de nós mesmos perfeição no que quer que seja. Nossos sentimentos e pensamentos são vários, porém podemos, de agora em diante, pensar bastante antes de agir e agir de modo mais coerente, menos impulsivo, menos agressivos nas palavras, refletindo sobre as consequências das nossas ações. No dia de hoje, fazemos o possível para sermos bons para nós mesmos e para o próximo, mais próximo de nós.
O passo três é o passo que nos ajuda a criar o hábito de fazer uma faxina mental diária, assim como mantemos as gavetas de uma cômoda em ordem, do mesmo modo que uma bicicleta, uma motocicleta ou automóvel precisam de manutenção diária para circular bem.
Nossa auto análise diária, nos mantém com a mente aberta para agirmos com boa vontade, bom ânimo e honestidade no dia de hoje. 
Iniciamos nosso tratamento admitindo, aceitando, que para nós, é impossível  controlar o uso da bebida alcoólica e outras drogas.  No passo dois, compreendemos que a fé em nós mesmos, a frequência permanente nos grupos e o  auxílio  da medicina e psicologia, também fazem parte do alicerce da nossa recuperação. No passo seguinte, vamos aprendendo a nos concentrar no dia de hoje.




Passo Quatro

Por meio da meditação, aprendemos a viver no dia de hoje.

Meditação é uma forma de ouvirmos calmante nossa consciência, é um exercício que ajuda a adquirir serenidade, tranquilidade e equilíbrio emocional. Acalmamos a mente, nos concentramos no presente, no dia de hoje, no aqui e agora. Existem várias técnicas para a meditação, com música relaxante, sons da natureza, exercícios respiratórios, isolamento em algum local silencioso; o objetivo é nos concentrarmos no presente, onde estamos, onde podemos agir no dia de hoje. Estamos sóbrios e começando a ter uma rotina de vida saudável. O exercício da  meditação pode ser feito constantemente e nos prepara para o passo seguinte, onde por meio de uma auto análise minuciosa, identificaremos de modo escrito, tanto o que há de bom quanto o que há  de mau em nosso caráter.
     



Passo Cinco


Fazemos pela primeira vez, uma destemida e minuciosa auto análise.

Só há um mal a temer, aquele que permanece em nós. O objetivo desse passo é escrever de modo destemido e minucioso, tudo que ajude a nos aceitarmos como realmente somos, sem subterfúgios. Pela primeira vez, fazemos uma análise  minuciosa das qualidades e defeitos da nossa personalidade, estando lúcidos e conscientes. Uma auto análise minuciosa, escrita por nós mesmos, nos ajuda a identificar as falhas do nosso caráter, tenham esses defeitos sido provocados pelo uso de drogas, ou sido identificados antes do início do uso. O joio e o trigo são parecidos e crescem juntos, porém o primeiro é uma erva daninha e o segundo um alimento. Quando o joio não é arrancado na raiz, é preciso deixar os dois crescerem juntos, para podermos distinguir um do outro, para que não haja risco de destruirmos o trigo. A partir de agora, iniciamos nosso inventário pessoal, nossa auto análise destemida e minuciosa. A  melhor forma de
iniciarmos  essa  auto análise,  é escrevendo sobre  nossa  infância, nosso  relacionamento com  pai  e mãe. Quando fazemos a limpeza de uma casa, normalmente varremos e passamos pano ou espanador nos locais visíveis, aos nossos olhos e aos olhos dos outros. O quinto passo, se compara a uma faxina completa, onde retiramos todas as coisas dos móveis, esvaziamos todos os armários e gavetas, retiramos todos os tapetes e aí sim, teremos uma verdadeira faxina. Uma auto análise completa e minuciosa, faz com que coloquemos no papel todos os sentimentos, atos e pensamentos ocorridos até o início desse inventário. Todos nós, seres humanos temos defeitos e qualidades. O auto conhecimento nos ajuda a nos aceitarmos como somos. Todo indivíduo tem uma impressão digital que o diferencia dos outros como identidade única, por isso, somos nós, os únicos capazes de uma auto análise honesta, pois cada um de nós sabe o que fez e deixou de fazer . As imperfeições da nossa personalidade, assim como as qualidades quando escritas, admitidas e aceitas, por nós mesmos, são como o joio e o trigo. Depende única e exclusivamente a cada um de nós, adubar o que é útil e eliminar o que é inútil em nossos pensamentos, sentimentos e ações. Percebemos através de uma auto análise sincera, que a raiz de todos os defeitos estão na nossa revolta, alimentada pelo orgulho e o egoísmo. nos tornamos pessoas totalmente egocêntricas, e a partir do instante que iniciamos a nossa auto análise, vemos que o mundo não para, que a vida de todos segue, independente da nossa vontade. Os defeitos que provém da revolta, do egoísmo e do orgulho são vários, como  a crueldade, a vaidade intelectual, a prepotência,  a arrogância,  a presunção, a ambição, o ciúme, a inveja, a maledicência, a mentira, a luxúria, a preguiça, a avareza, o ódio, a mágoa, os ressentimentos, a intolerância, a raiva, a cólera e outros. O medo da realidade fazia com que nos afastassemos cada vez mais de alguém ou algo que poderia ajudar a despertar nossa consciência, que é a Centelha Divina em nós. Na medida que vamos nos aceitando como somos, vamos perdendo o medo da verdade, o medo da nossa realidade e vamos reconhecendo os defeitos do nosso caráter. A partir do dia que paramos com o uso de  drogas, passamos a cultivar com paciência, um dia de cada vez, as virtudes que nos ajudam a ter coragem para encarar a vida, com otimismo e bom ânimo. Com base na humildade, vamos exercitando a fé, a sinceridade, a honestidade, a moderação, a disciplina, a compreensão, a tolerância e a fraternidade. Não compreendiamos que temos uma doença crônica e que sofremos também a  influência de pessoas emocionalmente  doentes como nós mesmos.  Nesse passo, escrito de modo minucioso e destemido, identificamos nossos instintos naturais, como a relação sexual, a posse do necessário para a sobrevivência, a preservação do corpo, enfim, até que ponto  nossa insatisfação  nos levou a abusar dos instintos naturais, até que ponto chegamos ao agir guiados somente pelos instintos desenfreados, escravizados por eles, nos esquecendo que somos portadores de inteligência, bons sentimentos, e capacidade de raciocinar. Identificamos que sempre agimos ou reagiamos às situações com raiva, ressentimentos, rancor, ódio e violência, nos esquecendo que somos capazes de amar, de perdoar, de agir para o bem. Passamos a perceber que as pessoas que nos rodeiam ou rodeavam, começando pelos nossos pais, parentes e amigos, são imperfeitas e tínhamos eles como referência e muitas coisas fazíamos por imitação, porque eles também faziam o mesmo, imitavam outras pessoas quando estavam formando suas próprias personalidades. A maioria de nós teve ou tem pai ou mãe dependentes químicos. Nada ocorre ao acaso, Deus nunca nos abandonou e sempre nos amou e nos amará, e estamos convictos de que o Criador esta acima de toda ignorância, maldade e  indiferença existente ainda entre a  maioria  dos homens. Alguns de nós não conviveu com os pais biológicos na infância, o que alimentava mais a revolta e a sensação de abandono. Em algum  momento, nos revoltamos contra nossos pais e passamos a ter outras referências, também de pessoas imperfeitas, tais como parentes ou pessoas que também usavam drogas ou não. É  hora de parar de culpar quem quer que seja e nos assumirmos como somos, nos aceitando como portadores de uma doença física, mental, espiritual, exercitando as qualidades que estão em nosso caráter e trabalhar com perseverança para irmos nos libertando dos defeitos que nos incomodam, sem fugir de nós mesmos e isso é vital para mantermos nosso equilíbrio .É muito importante que essa nossa auto análise  seja escrita e que nenhuma outra pessoa tenha acesso ao conteúdo. No passo seguinte, partilhamos o que escrevemos com alguém da nossa total confiança, que também confie em nós e que sabemos que ficará em sigilo. O passo seguinte pode ser dado com a ajuda de um terapeuta capacitado profissionalmente, pois o profissional é guiado pela ética e mantém em sigilo absoluto tudo que ouve. Seja na rede pública ou particular, o profissional capacitado merece nossa confiança. A partir de agora, deixamos de reagir aos fatos e circunstâncias  ocorridos, para o estado de ação, diária e contínua, com fé, perseverança no bem e esperança sempre renovadas.





Passo Seis
 
Compartilhamos com um terapeuta capaz de nos auxiliar as falhas do nosso caráter, prontificando-nos a removê-las, um dia de cada vez.

Doutor Bonilha, médico especialista em dependência química, com quem tivemos o privilégio de conviver e aprender muitas coisas, inclusive sobre ética profissional, certa vez  disse o seguinte: "Nosso amigo de confiança, também tem um amigo de confiança". Essa frase ensina claramente que devemos escolher com muito cuidado a pessoa com quem compartilhamos nossa auto análise minuciosa. O profissional da área da saúde, tem o dever moral, por ética, em manter em sigilo nossa partilha. Compartilhando nossa auto análise  com um terapeuta capacitado profissionalmente, com um psicólogo, por exemplo, nos sentimos emocionalmente como se nossa mente fosse uma panela de pressão, que jamais havia acionado as válvulas de escape do vapor. Pela primeira vez, lúcidos e conscientes, permitimos que as válvulas sejam abertas, e o alívio da pressão é imediato. Essa partilha, ou desabafo, nos alivia, e é fundamental para o processo de manutenção das atividades no dia a dia, deixando nosso passado como advertência, para que não repitamos os mesmos erros. O remorso é um lampejo de Deus sobre  nossa consciência de culpa, o sofrimento nos leva de volta à observância das Leis Divinas. Os ódios, os rancores, os ressentimentos e todo mal que causamos a nós próprios e aos outros podem e devem ser partilhados. Uma outra pessoa capacitada, nos ajuda a recompor os pensamentos e  nos vermos como realmente somos. Procuramos após essa partilha, manter as qualidades que identificamos em nós mesmos e exercitar outras, valorizar nossa vida, nossos talentos e aos poucos vamos nos preparando para arrancar o joio, nos libertando da grande maioria dos defeitos que nos incomoda, um dia de cada vez. Após uma auto análise honesta e minuciosa, nos arrependemos de todo mal que causamos a nós mesmos e às pessoas que conviviam conosco ou ainda convivem, identificamos as falhas do nosso caráter, e nos prontificamos a removê-las, um dia de cada vez. Não precisamos de modo algum entrar em um processo de auto aversão, pois estamos verdadeiramente dispostos a viver uma vida digna, e Deus, com sua misericórdia, nos ajudará sempre, um dia de cada vez, através dos passos seguintes.  Logicamente, de maneira alguma teremos a pretensão de nos livrarmos  de todos os defeitos do nosso caráter, da nossa personalidade, de modo algum podemos esperar perfeição de nós mesmos e de qualquer outro ser humano, mas iremos, através dos passos seguintes nos redimindo perante nossas próprias consciências, buscando diariamente nosso aperfeiçoamento moral, fazendo o possível e o necessário para sermos melhores a cada dia. Não mudaremos o mundo, mas passaremos a tornar o mundo em nossa volta um pouco melhor, mudando a nós mesmos. Esse passo é necessário para que nossa mente se abra para todas as possibilidades de crescimento espiritual e  para o início da conquista no nosso equilíbrio emocional. Deixamos de justificar nossos defeitos e culpar outras pessoas por eles.


Passo Sete

Reconhecemos que somos responsáveis pelos nossos atos.


Passamos agora a agir com consciência e responsabilidade no dia dia. O tempo não voltará, porém temos um programa de vida que nos ajudará a viver um dia de cada vez, certos de que jamais deveremos nos desesperar, ou seja, perder a esperança de que fazendo nossa parte, tudo teremos para nosso bem estar espiritual,  emocional e material. Passamos a viver o dia de hoje, ter projetos de vida e partir para a realização confiantes sempre contando com ajuda dos outros. Deixamos de viver escravizados  pelas ações e reações do passado, livres das mágoas, dos ressentimentos, do "lixo mental" que estava acumulado em nossas mentes e também, não precisamos viver no futuro, tratando a  ansiedade, que também nos impede de viver bem vivido, o dia de hoje. Devemos continuar vigilantes pra não desejar "doutrinar" as pessoas que nos cercam, e o anonimato nos ajuda nesse processo. Quando chegar a hora, pessoas que conviveram conosco durante o período de uso  de drogas e usavam drogas em nossa companhia, poderão de forma curiosa saber o que fizemos para  parar com o uso, e caso elas também tenham o desejo de iniciar o tratamento, podemos  apresentar a elas nosso programa de recuperação. Temos que ter sempre humildade pra reconhecer  que cada um tem seu tempo e o melhor que podemos fazer às pessoas que nos cercam, é dar exemplo do que achamos correto, pois antes, por mais que estávamos corretos nas palavras, nossas ações nos condenavam. Caso sejamos casados, temos o dever de dizer para nossos filhos, se tivermos filhos, que no início, o uso causa prazer e justamente por isso, jamais nossos filhos necessitarão fazer uso de qualquer substância alteradora do ânimo e do humor. Devemos lembrá-los que tanto a obsessão mental, quanto a dependência química, ou física, é sempre progressiva. Nos passos seguintes, temos orientação de como agir com os familiares e todas as pessoas  que sofreram  por consequência da nossa total ignorância à respeito da síndrome de dependência química. Humildemente, procuramos as pessoas que prejudicamos, confessando nossos erros, dispostos a repará-los. Praticando os passos seguintes teremos plenas condições de nos perdoar, adquirindo paz interior, reparando os danos que causamos a nós mesmos, por  causar prejuízo aos outros.



Passo Oito


Continuamos realizando uma auto análise diária, pedindo a Deus, força e coragem nas provas da vida.


Passamos a exercer de modo mais consciente nosso livre arbítrio, nossa capacidade de pensar e analisar as consequências antes de agir. Nunca agiremos com perfeição e  jamais devemos esperar perfeição em alguém,  mas quando erramos, podemos reconhecer imediatamente e reparar esse erro o mais rápido possível. Hoje compreendemos, que todas as dificuldades que estamos enfrentando, solidão, outras doenças provocadas pelo uso de drogas, falta de recursos financeiros,  desconfiança dos familiares, falta de confiança de pessoas que viviam conosco, enfim, toda dor e sofrimento, são consequências do mal que fazíamos a nós mesmos provocados pela nossa ignorância. Pedindo com humildade e confiança, Deus nos fortalece e nos ajuda a suportar com coragem e resignação essas provas sem revolta, e entendemos que tudo o que está ocorrendo nos ajuda adquirir humildade, perseverança no bem e paciência, pois o único caminho reto é o caminho do bem. Com humildade e paciência, vamos adquirindo as outras virtudes que necessitamos para viver uma vida digna. Deus nos dará força pra resistirmos às tentações e bom ânimo para agirmos com calma e perseverança em busca do necessário para nosso bem estar físico e mental. O mundo não parou durante nosso tempo de uso de drogas. Tomemos como exemplo um carro que funde o motor e vai para a oficina. Os outros veículos não deixam de circular por isso. Durante o período de uso, principalmente as pessoas que conviviam conosco, começando pelos parentes, tiveram que continuar vivendo. Nossos filhos, para quem os têm, não contavam mais conosco para nada, muito menos nossas mulheres ou maridos, no caso de ainda estarmos em uma relação conjugal de qualquer espécie. Temos que reaprender a viver com todas as pessoas, exercitando a humildade e paciência, pois por mais que desejavam que iniciassemos nosso tratamento, todos sem exceção, passaram por traumas, decepções e privações de todos os tipos e guardemos a certeza de que somente com o tempo iremos recuperar a confiança de cada um deles, sendo que cada um terá seu tempo, de acordo com a simpatia ou antipatia que nutriam por nós e nós por eles, para voltarem a confiar em nós. Jamais teremos a pretensão de agradar todas as pessoas, o próprio Cristo não consegue ainda! No passo cinco, identificamos nossos defeitos de caráter e agora cabe a nós não voltar a cometer os mesmos erros estando lúcidos, sóbrios, pois cometer os mesmos erros que cometiamos na época de uso de drogas seria injustificável. Através da continuidade de uma auto análise diária que passamos a realizar no passo três, evitamos males que teremos que reparar no futuro. Sendo responsáveis pelos nossos atos, nos livramos da auto piedade. Ja estamos conscientes de que tudo que fazemos retorna para nós, tudo que semeamos um dia colhemos, pois toda ação tem uma reação em sentido oposto, na mesma intensidade. Hoje, depende de nós viver com equilíbrio, um dia de cada vez. Os problemas ou provas que a vida nos apresenta, servem para ajudar nossa melhoria em todos os aspectos, para adquirir e exercitar as virtudes que nos fortalece espiritualmente no dia a dia, sendo todas essas virtudes filhas e filhos da Lei de Amor!. O ódio, o rancor, a mágoa, os ressentimentos, nos prejudicam e vamos nos libertando desses sentimentos na medida que nos tornamos compreensivos, nos aceitando como somos, exercitando sempre humildade, compreensão, compaixão, perdão, tolerância,  entendendo que vivemos numa sociedade de pessoas também imperfeitas. Temos direitos e deveres, como todo cidadão. Iniciamos o processo de cumprir nossos deveres, com boa vontade. Jamais devemos abrir mão de recorrer à justiça, quando necessário, seja para tratamento da saúde, seja em qualquer outro problema que a vida nos apresente e para isso existem advogados particulares ou defensores públicos. As consequências  provocadas pelo uso de drogas são muitas, porém quando alguma dificuldade se apresente, pedimos ajuda à Deus de modo consciente  e Deus sempre nos ouve, nos ajudando perseverar  nas coisas que sabemos ou aprendemos ser corretas. Hoje damos valor à humildade, à fé, à honestidade, à fraternidade e aprendemos que não devemos fazer aos outros o que não desejamos que nos façam. A partir desse passo, passamos a pensar também no arrependimento pelo mal causado aos outros, e para nos libertamos no remorso e culpa, nos preparamos para fazer, no passo seguinte, uma lista de todas as pessoas que prejudicamos durante o uso de drogas.




Passo Nove

Fazemos uma relação das pessoas que prejudicamos.

O arrependimento nos conduz naturalmente ao desejo de reparar os erros. Voltando ao exemplo de um veículo no trânsito, quando ocorre um acidente, cada ocorrência depende do tamanho do veículo e da quantidade de passageiros, sendo que de acordo com a progressão da doença, que é individual, uns causaram mais danos que outros. Não basta nos arrependermos dos erros cometidos, é preciso repará-los. Pegamos uma caneta e relacionamos todas as pessoas que prejudicamos, pois somos responsáveis pelo nosso tratamento, e nossa recuperação depende da reparação dos danos causados aos outros, sejam quais forem esses danos, materiais ou emocionais. Só teremos  a consciência tranquila, ou paz de espírito, na medida que formos nos perdoando e somente conseguiremos nos perdoar dos males causados aos outros, na medida que fizermos as reparações dos erros cometidos. Essas reparações vão sendo feitas  naturalmente, com o passar do tempo, dependendo da nossa humildade e boa vontade. 




Passo Dez


Fazemos a reparação do mal que causamos aos outros.


Muitas reparações são feitas de forma direta,  outras podem ser feitas de modo indireto. Um exemplo de reparação indireta é silenciar quando  vemos alguém  falar com maldade, com malícia ou leviandade sobre outra pessoa. Através do silêncio, evitamos a difamação e a calúnia. O silêncio evita vários tipos de crimes. Uma outra forma de reparação indireta é partilharmos  nossa experiência com outro dependente químico que iniciou sua recuperação. Uma outra boa maneira de reparar os males, é através do trabalho, pois trabalhando a benefício do próximo, seja esse trabalho remunerado ou voluntário, estaremos usando nossos talentos para o bem comum. Na medida que reparamos os danos, nos reconciliamos com nossa própria consciência. Humildemente, procuramos as pessoas que prejudicamos, confessando a elas nossa culpa, dispostos a reparar o dano causado por nós. De certa forma somos todos, cobradores e devedores uns dos outros e no instante que usamos de boa vontade para reparar os erros, certamente esquecemos um pouco dos nossos devedores e por consequência aprendemos que somos perdoados na medida que perdoamos. As reparações por danos materiais causados aos outros, fazemos de modo objetivo, como por exemplo pagar uma quantia em dinheiro tomada por empréstimo, quando conseguimos juntar essa quantia ou parcelando a dívida. Alguns de nós, continuamos no mesmo trabalho, porém a maioria de nós precisou ir em busca de outro trabalho remunerado. O anonimato é muito importante pra que não precisemos viver justificando atos passados. O grupo e terapeuta profissional servem pra lembrarmos onde estávamos, onde estamos e para onde estamos indo, usando nosso livre arbítrio.  É bom lembrar que é impossível reparar todos os danos de uma vez, por isso, é importante ter uma lista para que a ansiedade não nos prejudique. Vivendo um dia de cada vez, nossa caminhada se torna mais leve. Aprendemos a valorizar nosso salário e procuramos equilibrar os gastos de acordo com ele. Quando pedimos perdão a alguém por qualquer dano, como por exemplo uma agressão verbal ou física, devemos estar prontos para ouvir um sonoro "não perdoo", ou talvez ouvir o desabafo da raiva e o rancor que provocamos. Humildemente aprendemos a silenciar e agradecer a Deus por nos encorajar a pedir perdão ou desculpas, com serenidade para ouvir e compreender quem agredimos. Alguns erros como trair o parceiro ou parceira, marido ou mulher, podem parecer irreparáveis, no entanto, se não fomos perdoados  e nos encontramos em um outro relacionamento, temos o dever de não repetirmos esse erro novamente, assim como vários outros, pois não estamos mais com os sentidos entorpecidos e nada justificará repetir os mesmos erros. É importante silenciar quando nosso passado é lembrado por alguém, pois estávamos errados e humildemente devemos silenciar. Nossas boas ações serão nossas melhores advogadas no dia a dia. Outro  erro que parece irreparável, é quando nos lembramos de alguém na lista de quem prejudicamos, que teve o corpo falecido, uma oração pedindo perdão de modo sincero, honesto, sempre chegará a quem é dirigido. Caso a pessoa falecida seja um familiar, não importando o grau de parentesco, ou amigo que sempre quis nosso bem, tenhamos a certeza de que eles continuarão querendo nosso bem e ficarão felizes vendo que retomamos o caminho certo, deixando de nos suicidar de modo inconsciente. O bem que fizermos aos outros, nos ajudará, dia a dia a extinguir o remorso provocado pelo arrependimento de não ter ouvido os bons conselhos deles. No caso de essa pessoa que faleceu ter sido um desafeto, ou inimigo declarado da gente, caso até tenhamos, além de prejuízos materiais ou emocionais, termos, como ocorre com alguns de nós termos tirado a vida física dessa pessoa, tenhamos certeza de que nosso pedido de perdão em prece também chegará a ela, e daí em diante, após arrependimento sincero, lembremos novamente do conselho de Jesus Cristo, o maior psicólogo do mundo: "Não volte a cometer o mesmo erro, para que não lhe aconteça algo pior".  Nossa mudança de atitude diante dos outros, irá nos livrando do remorso e sentimento de culpa, dia a dia, e Deus, que é justo, não permitirá que quem nos odeia, continue sua vingança, a não ser , é claro, que continuemos a fazer aos outros o que fizemos a eles. A lei de ação e reação, causa e efeito é perfeita. O convívio com os filhos, vai melhorando aos poucos e acreditamos que o exemplo que passamos a lhes dar vale mais que muitas palavras que dirigiamos antes. Agora podemos realmente dialogar e dar exemplo do que realmente sabemos ser correto, pois no período de uso de drogas, por mais que estivéssemos corretos nos conselhos que dávamos sobre algo, jamais tínhamos razão, pois não exemplificavamos. O tempo e as ações equilibradas que passamos a demonstrar naturalmente, é um bom modo de reparar o mal que causamos aos nossos filhos, pois agora somos capazes de dar exemplo do que sabemos ser o correto. Hoje podemos conversar com eles sobre todo tipo de assunto, aprendendo a ouvir e falar, aprendendo a ouvir para ajudar, e ajudar falando e agindo, sempre com coerência. Para quem de nós que abandonou os filhos e se reaproximou deles,  é preciso muita humildade pra aceitar que sempre ficará neles a raiva, a mágoa pela sensação de  abandono, até que um dia compreendam que Deus é o Pai e criador de todos, que Deus  nunca nos abandona, suporta e tolera a todos, pacientemente! Caso  nossos filhos ou qualquer outro parente não participe de grupos terapêuticos ou alguma terapia individual, uma hora ou outra, independente do tempo que iniciamos nosso tratamento, dirão para nós que nada  mudamos, ou que continuamos do mesmo jeito e etc.., não devemos nos desesperar, nem desanimar, pois estamos fazendo o melhor que podemos; basta lembrarmos do passo um; não podemos voltar a usar drogas por conta própria.  Para solteiros e solteiras, jovens ou não, é possível novos relacionamentos com parceiros que não fazem uso de substâncias químicas. Todos nós sem exceção, devemos evitar os lugares onde fazíamos uso de drogas. As pessoas que usavam conosco, continuarão o uso e somente através do tempo, através do nosso exemplo de mudança de hábitos e atitudes, poderão querer saber como paramos com o uso e como é nosso programa de recuperação. 



                                                                                                                                        
Passo Onze


Procuramos através da prece e da meditação, manter nosso contato consciente com Deus.

Todas as preces são atendidas. Muitas vezes, a Providência Divina nos visita por meio da doença, escassez, contrariedade, que nossa visão imediatista não consegue enxergar. Deus, além das Leis e fenômenos naturais, que tudo harmoniza, também se revela à criatura, através da própria criatura, de várias maneiras. No dia a dia, mantendo a mente aberta, a ajuda de Deus se torna consciente.  Que cada um de nós examine as diversas circunstâncias, felizes e infelizes de nossas vidas, e veremos que em muitas ocasiões recebemos conselhos que nem sempre aproveitamos, e que nos teriam poupado desgostos se houvessemos escutado.
Reconhecemos, através dos passos anteriores, que nossa relação com  Deus, que não vemos, depende também da  relação que temos com o próximo, com quem convivemos. Desse modo, passamos a compreender que vamos adquirindo mais humildade, mais tolerância, mais paciência, na medida que aprendemos a conviver com as diferenças. O modo como agimos , no dia a dia, depende de cada um de nós. Não temos mais motivo para revolta e desespero, e confiando na sabedoria e inteligência de Deus, vamos pedindo ao Criador orientação diária para que as nossas ações sejam de acordo com a vontade Dele. Nossa consciência é uma sentinela que nos liga ao  Criador e normalmente só a ouvimos quando sentimos remorso. Consciência é a percepção do que é moralmente certo, em atos e motivos individuais e está condicionada ao uso da razão e do livre arbítrio. Deixando nossa consciência guiar nossa mente, vamos vivendo uma vida com equilíbrio. Aproveitamos as oportunidades usando nossos talentos, fazendo o melhor possível para que haja paz , justiça e harmonia onde estivermos, aproveitando o tempo dia a dia, um dia de cada vez,  para realizar todos nossos projetos de vida possíveis de serem realizados. As preces podem ser feitas em todos os momentos e todas chegam até Deus, nosso criador. Antes de dormir, onde nos recolhemos em silêncio, podemos acalmar a mente, respirar pausadamente e pedir ajuda 'a Deus para termos uma boa noite de sono, e  que no dia seguinte, Ele nos auxilie a fazer bom uso do nosso livre arbítrio.

                                                                                        

Passo Doze 

Apresentamos o programa de doze passos a outros dependentes químicos.

Apresentamos o programa de doze passos a outros dependentes químicos que estejam interessados em praticá-lo e a outras instituições interessadas em utilizá-lo. Ajudando aos outros, temos a certeza de que Deus, no dia a dia, nos ajuda em tudo que for necessário para nós.

Ajuda-te ajudando aos outros e o céu te ajudará sempre!





AS DOZE SUGESTÕES PARA FORMAR  GRUPOS
 
1- O anonimato é  fundamental no tratamento da dependência química.
                                                  
O anonimato é um exercício de humildade. É o melhor remédio contra a euforia provocada pelo início do tratamento. O anonimato nos ajuda a voltar ao convívio social, sem o uso de drogas, com dignidade. Não precisamos e nem devemos dizer para todas as pessoas que estamos tratando a dependência química, basta quem conviveu conosco no período de uso, estarem também conscientes de que possuímos uma doença e que somos responsáveis pelo nosso tratamento, principalmente nossos familiares. O anonimato é também o melhor antídoto contra a auto piedade. Com profissionais da área da saúde individualmente ou em grupo, podemos compartilhar  nossas experiências,  fortalecendo  nossa fé e esperança na  recuperação da auto estima e dignidade. Tudo que é dito para terapeutas especializados, fica com eles, por ética profissional e o que é dito e quem é visto nos grupos, deve ficar entre os participantes do grupo. O sigilo em tudo que dizemos e ouvimos, é fundamental para que haja confiança e respeito entre nós, os participantes. Quem vemos no grupo, só interessa aos membros do grupo, o que é dito na reunião, fica entre os membros da reunião, o que ouvimos, fica entre nós. O anonimato é o princípio de humildade essencial que nos protege do estigma social que algumas drogas causam. O anonimato nos ajuda  compreender que o programa de doze passos,  pode auxiliar  apenas  dependentes químicos que realmente queiram se reabilitar, se recuperar por vontade própria, e graças a Deus, não estamos sós. O uso de certas drogas causa mais estigma (preconceito) que outras, porém droga  é sempre droga.
     
2- Todos os participantes de um grupo, deverão ser igualmente  responsáveis pela salvaguarda do programa.

O programa é de Domínio Público, ou seja, patrimônio da humanidade. Somos todos igualmente responsáveis pela formação e manutenção de um grupo. Quando nos reunimos, somente entre nós, dependentes  químicos em recuperação, seja corpo a corpo, ou através da  internet, colaboramos uns com os outros, podendo revezar na coordenação da reunião. Em reuniões em salas apropriadas, a abertura da sala, a arrumação das cadeiras, servir café na recepção dos participantes ou durante o intervalo, a coordenação das reuniões, podem ser feitas sempre em sistema de revezamento, na medida da disponibilidade de cada um. Essas atividades devem ser divididas e o coordenador da reunião será responsável  pela abertura da sala. A coordenação da reunião, assim como as outras atividades, podem ser decididas em uma reunião mensal entre os participantes do grupo, e a cada mês as tarefas podem ser revezadas, para que todos os integrantes participem de todas as atividades. Cabe ao coordenador, estipular o tempo de partilha de experiências, de acordo com o número de pessoas e o horário estipulado para início e término do encontro. Os horários e dias de reuniões podem ser divulgados por todos os participantes. Em grupos institucionais, ou seja, grupos de psicoterapia formados em instituições de saúde pública, seja municipal, estadual ou federal; em comunidades  terapêuticas, em grupos formados em hospitais psiquiátricos , presídios, ou empresas privadas, caberá naturalmente ao terapeuta responsável, tanto a coordenação, quanto à determinação do tempo de duração da reunião e tempo de partilha de experiências individuais. 

3- Para participar de um  grupo, bastará ao interessado o desejo espontâneo, ou a necessidade de tratar a dependência química.

Qualquer pessoa que queira trocar experiências, no tratamento das dependências física e psicológica provocadas pelo uso de drogas, será bem vinda. Partindo da abstinência da droga ou drogas usadas, trocamos experiências, unimos força e passamos a agir um dia de cada vez, na recuperação da nossa saúde mental e física, realizando as atividades cotidianas que se fazem necessárias para cada um de nós. 


4- Todo grupo deverá ser autônomo.

Os grupos  deverão ser totalmente autônomos, pois  um grupo não necessitará de autorização ou endosso  de outro grupo para ser formado. Os horários e tempo de duração das reuniões serão decididos pelos membros do grupo. Nos grupos de psicoterapia, formados em instituições, sejam na rede de saúde pública ou privada, sejam em empresas privadas ou em presídios, quem coordenará o grupo e determinará os horários das reuniões serão os profissionais responsáveis, por se tratarem de grupos institucionais. Por tratar-se de um programa de reabilitação da saúde integral, bio-psico-sócio-espiritual, todo material que o grupo, a instituição ou terapeuta acharem interessante, como por exemplo material didático que explica mais detalhadamente o efeito das drogas no organismo, poderá ser levado por um integrante, para esclarecimento do grupo.  


5-O objetivo de um grupo deverá ser único: tratar a dependência química.

Mantendo  reuniões frequentes, a partir de nossa própria vontade, adquirimos resistência contra a obsessão ao uso de drogas, e criamos condições para termos domínio sobre nossas vidas, nos ajudando uns aos outros através da troca de experiências. Esse é o único objetivo de um grupo. As reuniões somente entre nós, dependentes químicos em recuperação, podem  ser realizadas a qualquer momento através das várias redes sociais existentes, ou em salas apropriadas com horários para início e término pré estabelecidos pelo grupo. Será sempre bom lembrar o objetivo da reunião, pois não estaremos reunidos  para um tentar disciplinar ao outro, nem criticar ou julgar a  quem quer que seja. A linguagem do coração, a partilha dos sentimentos e pensamentos de cada um, sempre serão úteis para todos os integrantes. Citar o nome das drogas usadas sempre é bom, pois estamos sempre lembrando o motivo que nos leva a reunião, nos ajudando também a jamais esquecer que somos portadores de uma doença crônica, ou seja, é impossível para nós usar bebida alcoólica e outras drogas que usávamos por conta própria.

6-O grupo não deverá se vincular  a nenhum partido político.

O grupo não deverá jamais apoiar, nem  manter vínculo com qualquer partido ou grupo político, para que não ocorra desvio de seu propósito. Esse programa com doze passos para tratar a dependência química, é de domínio público (patrimônio da humanidade), sendo gratuitos: o acesso, a reprodução, o uso e a divulgação do conteúdo.

7- O grupo não deverá ser sectário ou dogmático.

Na prática ou vivência do programa de doze passos, é fundamental o auxílio da ciência, através da medicina e da psicologia. O sectarismo (intolerância religiosa), assim como o dogmatismo (certeza absoluta), inerentes a cada indivíduo e aos grupos ou seitas religiosas às  quais pertencemos, são tratados no programa DQR (dependentes químicos em recuperação) através da fé raciocinada, pois a única convicção que a prática dos passos do programa nos dá, é que nossa relação com Deus, que não vemos, depende da nossa relação com aqueles com quem convivemos. Toda boa ação é uma boa oração e o próximo mais próximo sempre será nossa ponte de ligação com Deus. Cada grupo poderá iniciar e terminar a reunião a sua maneira,  até em silêncio por alguns instantes. Não deverá existir rituais em um grupo. Não estamos no plano dos anjos, a linguagem do coração parte do íntimo de cada um, e Deus conhece nossos pensamentos e sentimentos. Um "palavrão", dito em uma partilha individual como desabafo, jamais será uma ofensa a outro integrante do grupo e nem tampouco um desrespeito, será simplesmente um "desabafo"; é no dia a dia, em casa, no trabalho, na rua, que devemos educar nosso verbo e cultivar bons hábitos. Façamos o que for necessário para sair da reunião mais serenos e equilibrados, após cada novo encontro. O importante será sempre a cada dia, melhorar nosso convívio com parentes, amigos e no ambiente de trabalho. Em casa, na rua, no trabalho, podemos exercitar o silêncio, ouvindo mais e falando o necessário, porém nas reuniões, podemos e devemos desabafar tudo que nos alivia a mente. Em grupos institucionais, caberá ao coordenador do grupo, em acordo com as regras da instituição, decidir se há ou não necessidade de alguma prece. Fica como sugestão a prece universal, que pode ser usada por toda e qualquer pessoa, na qual pedimos à Deus, serenidade, coragem e sabedoria. A prece está descrita no final das doze sugestões.  


8-Cada grupo deverá ser auto suficiente e independente.

O grupo formado somente por dependentes químicos, não deve aceitar doações em dinheiro de pessoas que não participam do grupo. O aluguel da sala para reuniões, deve ser pago pelos próprios membros. Podem ser formados grupos através das redes sociais já existentes, sendo que nesse  caso, não há necessidade de alugar algum imóvel. O valor do aluguel pode ser arrecadado no intervalo, se houver, ou término de cada reunião, anonimamente, de acordo com a possibilidade de cada participante da reunião. Em grupos onde participam somente dependentes de drogas, os integrantes devem se responsabilizar pela coordenação, guarda do dinheiro, pagamento do aluguel e compra de café, bolacha e sucos, caso o grupo decida servir aos participantes. Caso o valor arrecadado exceder o necessário, o valor excedido deve ser usado nas despesas do mês seguinte. Esse valor deve ser comunicado ao grupo pelo responsável, pois assim todos os integrantes terão ideia do quanto colaborarão para as despesas  do mês seguinte. Não devemos e nem temos necessidade de acumular valores monetários, pois a sugestão 5 sempre nos lembrará que nosso único objetivo é tratar a dependência química. Em grupos institucionais, logicamente não haverá necessidade de pagamento de aluguel pelo grupo, pois nesse caso, naturalmente, as despesas serão custeadas pela instituição.


9- O participante de um grupo deverá manter o anonimato na imprensa.

O anonimato na imprensa, em todas as formas, ajuda o participante a manter-se  protegido de si mesmo, pois o anonimato evita a promoção pessoal, e principalmente, o desvio de propósito a que nos comprometemos, conosco mesmo em primeiro lugar, que é o tratamento, a recuperação, a reabilitação que são individuais. Para a sociedade, partindo de familiares e pessoas que conviveram ou passam a conviver conosco, estaremos simplesmente cumprindo com nossos deveres, praticando os passos do programa, e sabemos disso.

10-O programa poderá ser utilizado por todos os interessados.

O programa é  de Domínio Público. Recomendamos  aos membros do grupo, e todos os interessados, que se orientem através das sugestões para  formação e manutenção de um grupo, para seu próprio bem estar e para o bem estar de todos.  O programa é simples, e terá sempre como único objetivo, a manutenção da abstinência da bebida alcoólica e/ou outras drogas, lícitas ou ilícitas, a reabilitação da saúde mental e física e a recuperação das atividades cotidianas, vivenciando os doze passos.  Instituições públicas e/ou privadas, podem usar o programa para o tratamento de seus funcionários ou pacientes clientes. Definimos esses grupos, como grupos institucionais. Por tratar-se de um programa de Domínio Público, o programa pode ser utilizado por instituições públicas e/ou privadas, e a coordenação do grupo fica, naturalmente, sob a responsabilidade de um terapeuta capacitado, e tanto os dias quanto os horários de início e término das  reuniões do grupo , serão definidos pela instituição. Grupos formados em presídios, também devem ser coordenados por profissionais capacitados. As comunidades terapêuticas, podem usar o programa para início de tratamento dos pacientes usando os doze passos. Os pacientes que iniciaram o tratamento, seja em grupo institucional público ou privado, ou em comunidade terapêutica, podem formar grupos entre si através das redes sociais, assim poderão estar constantemente em reabilitação, trocando experiências onde estiverem, na hora que quiserem. Essa possibilidade estende-se naturalmente entre os usuários dos doze passos de DQR que participam de grupos presenciais, em salas alugadas. Profissionais da área da saúde (medicina, psicologia, terapia ocupacional) , poderão usar o programa em trabalhos voluntários. O programa de doze passos, sempre será de Domínio Público, de utilidade pública.


11-Grupos institucionais respeitarão naturalmente, as regras da instituição onde estiverem formados.
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Os integrantes de um grupo institucional, naturalmente devem se submeter às regras da instituição onde foi formado. 

12- Todo grupo deverá respeitar o conceito de droga determinado pela Organização Mundial da Saúde.


Os Cids f-10.2 a f-19.2, constam no capítulo V da CID 10.  Certamente, ocorrerão novas atualizações referentes à classificação internacional das doenças. Não importará para nós, usuários do programa, o teor alcoólico das bebidas, ou a quantidade, ou o tipo da substância ou substâncias psicoativas usadas sem controle, por conta própria. Devemos acatar e respeitar o  conceito de droga definido pela OMS (Organização Mundial da Saúde), que afirma que droga é toda substância adicionada no corpo humano,  que não é produzida pelo nosso organismo. No caso específico, os psicoativos.


Concedei-nos  Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, coragem para modificar aquelas que podemos e sabedoria para reconhecer a diferença, amém!

A formação deste programa teve início no ano 1998.